segunda-feira, 11 de maio de 2009

E(I)NFERM(N)O


(sem imagem msm.)


Na quarta feira passada pela manhã acordei acreditando que estaria pronto pra mais um dia quando, ao me atrever a levantar, pouco antes das 7h, no costumeiro horário de um dia não posterior a um evento à noite, quando senti os sintomas de um mal que às vezes me acomete: queda brusca e duradoura da pressão corporal, auto diagnosticada como resultante de acúmulo de vários dias dormindo pouco, potencializado ainda por 30 horas seguidas viajando de ônibus e uma péssima alimentação do dia anterior. Não há organismo que resista. Por alguns minutos você ainda tenta insistir, até descobrir, quase arrancando os cabelos: “é... não vai dar.”


Em momentos assim cabe a reflexão sobre o processo em que vivemos ser tão fast and furious e apaixonante de uma maneira que a atenção fica full time voltada ao exercício e você simplesmente vai na tora... Justo eu que quando mais novo tirava onda das top models que esqueciam de comer (“que absurdo, esquecer de comer”) cometendo o mesmo ledo engano. Aí chega uma hora que você começa a entender que se alimentar direito faz parte do trabalho. Senão dá pala mesmo.


O título do texto desse post coloca duas palavras diferentes em um mesmo contexto. O inferno que passei enfermo nesses dois dias. A rotina foi permanecer deitado, recebendo algumas ligações dos parceiros cubistas, solicitando algum trabalho dentro dos “10 minutos ou um pouco mais” que o corpo me permitia “livre” antes de reclamar e pedir pra ser de volta mantido na horizontal.


Nessa hora o diálogo interno que se estabelece faz de tudo pra se livrar do inferno que é estar preso à situação orgânica. Há momentos em que o desespero da inércia imóvel força a consciência a dar ordens no corpo. Ora, se existe até gravidez psicológica porque eu não poderia usar o poder de convencimento da mente pra me obrigar a dormir? Ver TV é que não dá, é só pra você ficar mais doente ainda.


A única coisa que dá pra se olhar na tela é o noticiário e olhelá. Em momentos assim a única coisa que dá pra fazer é se propor a novas reflexões, o que torna a vontade de “levantar” ainda mais forte, ao fazer lembrar mais uma vez de como vim parar aqui (digo “mais uma vez” por já ter falado isso aqui antes em um dos primeiros posts).


Mas vou agora um pouco além...


Tipo, os filhos da classe média atual se julgam mais inteligentes que os pais, pois chegaram na faculdade mais cedo, por esforço dos pais que bancaram o colégio particular e o pré vestibular do indivíduo. O fato cria uma arrogância tremenda nesses “doninhos do saber”, que por entender um pouco mais de tecnologia e ter acesso a mais informações com muito mais velocidade e dinâmica (a Era da internet) se acham detentores de muito conhecimento.


Agora cara, imagina isso na cabeça de um cidadão que cujo pai saiu do interior do Ceará (Cariré, já ouviu falar dessa cidade?) e se formou aos 38 pela universidade particular realizando um sonho. Junte a isso o primeiro lugar na aprovação do vestibular, o conhecimento de uns acordezinhos no violão, um ouvido minimamente musical e aptidão para a escrita. Pronto, era o Cara! (um dia eu já fui pop, como diriam os Autoramas).


E aí era um processo foda porque rolava o seguinte: Esse seachismo, esse lado “doninho do saber” conflitava com um outro lado que já reconhecia o comportamento desprezível da maioria dos jovens dessa geração. Ao mesmo tempo que se sabia que havia muito a se fazer (uma vez que você é esclarecido e se torna refém do seu esclarecimento) me imobilizava pela preguiça e falta de coragem.


Aí vi que já tinha gente fazendo quando conheci o Cubo, que fora toda a gama de trabalhos que executa tem ainda a importante missão de “reconhecer” seus “recrutas”. Foi assim que salvou um de ser banger artista, outro de ser playboy de balada, outra de ser paty... O processo é viral e não permite essas ervas daninhas. Simplesmente não cabe. É matar os vícios ou matar os vícios.


Foi ali que descobri que aquele "saber" todo não passava de uma mera introdução a todo esse universo. Foi ali que vi que não sacava porra nenhuma de música e ainda teria (e tenho) muito chão pra aprender. E aos poucos, cotidianamente, vai se percebendo o quanto esses vícios se transformam em injustiça até contras os progenitores, que foram quem oportunizaram esse teu saber mínimo.


Veio daí a vontade ainda maior de levantar, que nessa de mente condicionar o corpo, tem influência pesada na recuperação. Foi como a resposta que dei pra Dríade quando ela me ligou na noite de quinta, perguntando como tava e a resposta foi “olha, pelo andar da carruagem, acho que amanhã tô de volta à guerra”. A guerra de remar contra uma série de valores paias vigentes no senso comum.


Ta loco mano... esses dois dias parado serviram no mínimo pra reafirmar daonde vim, onde estou e pra onde estamos indo.


Bora aí que é nóis...


I’m back to the front!

terça-feira, 14 de abril de 2009

Motivo de Orgulho: Móveis Nico e Liais de Acuiabajú!

Pedindo desculpas pela lacuna volto hoje a postar aqui, pra contar um pouco das últimas experiências pessoais passadas. Em particular pra relatar dois grandes motivos de orgulho. A primeira delas é referente ao Móveis Coloniais de Acaju, a banda candanga que vem conquistando o país.




Fomos lá com o Macaco Bong pra participar do Móveis Convida, o festival promovido por eles. Foi uma experiência fodástica, tanto pela qualidade do evento produzido, a qualidade dos shows (Móveis, Black Drawing Chalks, Galinha Preta), quanto pela satisfação em reconhecer no Móveis Coloniais de Acaju uma banda que enxerga as perspectivas de mercado e trabalha de maneira completamente auto gestionária.

Pra desbancar o Móveis como maior banda independente, só mesmo o Calypso, mas que não conta aqui nesse contexto. Sobre esse assunto, fiz uma matéria que foi ao ar no Portal Fora do Eixo, já colocando o Móveis como a maior banda independente do país. A maioria das informações disponibilizadas lá na matéria foram colhidas numa entrevista feita com os caras quando o evento todo já havia terminado. O Móveis Convida aconteceu em Brasília, na UNB, e em Goiânia, no Martim Cererê. Pegamos eles no momento em que o balanço prévio (pelo menos o emocional) já estava formatado na cabeça de cada um: no buzão, na viagem de volta para Brasília, à meia luz (ui!)...

Na matéria do Fora do Eixo você encontra as partes que julguei mais importantes pra redação do texto. Aqui abaixo, coloco o momento da entrevista em que perguntei pros caras o que tinham achado do evento e eles inverteram a situação e fizeram com que eu respondesse o que eu tinha achado.

A minha resposta foi:

Bom, eu achei muito foda, é muito massa encontrar perfis parecidos com a maneira como a qual a gente pensa e vem trabalhando. Tanto na questão de viver a história, quanto na questão de mercado. A gente sempre acompanhava isso lendo sobre vocês e dessa vez a gente pôde ver acontecendo mesmo e ver como é realmente parecido, com a diferença de que no nosso coletivo só três são músicos e formam o Macaco Bong, mas tem mais, de 10 a 15 que estão juntos, que nem sempre viajam juntos, mas ali em Cuiabá é a mesma história, que é o Espaço Cubo. E o Circuito Fora do Eixo é a união dessa galera toda, não só de coletivos, mas também empresas que trabalham nessa onda, como a Monstro, que veio numa pegada mais de mercado, mas que vem se abrindo cada vez mais pra essas perspectivas, então pra gente foi muito foda. E também a questão específica dos shows, a gente se sentiu muito à vontade, som legal, feedback do público muito legal nas duas cidades. Enfim, foi positivo em todos os aspectos que poderia ser.


Então, a entrevista na íntegra, com o Móveis entregue (rs) pode ser ouvida, se você baixar o mp3 abaixo.

ENTREVISTA COM O MÓVEIS
(são 41 minutos de papo)

LEIA A MATÉRIA NO PORTAL FORA DO EIXO

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O segundo motivo de orgulho é da dupla Nico e Lau, que atua na cultura de Mato Grosso no segmento humorístico. Nesse fim de semana tive a oportunidade de assistir ao evento produzido pela Nico e Lau Produções, a primeira Temporada Nacional de Humor de Cuiabá, que contou com os famosíssimos Falcão e Paulo Silvino, além da dupla de humor cuiabano. Cara, foi a primeira vez que eu vi um show do Nico e Lau, e a impressão que ficou é de um trabalho sério (humorismo sério? rs) feito com afinco e qualidade. Também rendeu matéria no Fora do Eixo (clique aqui).

Bacana também identificar artistas pedreiros em segmentos que não tem ainda tanto a ver com o nosso (veja bem, eu disse “ainda”). Além do ímpeto pelo fazer acontecer, o trabalho artístico também é muito bom. Vou colar aqui um trecho da matéria de cobertura que redigi (a Cubo Comunicação fechou parceria de cobertura com a Temporada):

O grande charme do Nico e Lau está na maneira como os atores constroem sátiras muito bem humoradas do matogrossense de raiz, sem permitir que a imagem do nativo seja denegrida. O sotaque, o linguajar e os trejeitos são os elementos principais, que se mesclam a um roteiro construído em cima da realidade cuiabana, com sátiras de bairros, hábitos, entre outros elementos.

E bacana que o reconhecimento dos caras como modelos de comediantes e empreendedores do humor foi ressaltado por Falcão e Paulo Silvino. O Falcão mesmo afirmou que nunca viu nada igual em nenhuma outra cidade brasileira fora do Ceará, estado tido como unanimidade na produção de humoristas. A idéia dos caras pra dar continuidade na história é trazer o Ziraldo pra dar palestras e oficinas de desenho voltadas pra linguagem do humor, e fazer uma exposição de cartuns, reunindo os profissionais desse ramo em Cuiabá, trazendo também mais trabalhos de fora para a exposição.

Cara, du Caralhíssimo!

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Assino esse post como o mais novo fã do Móveis e do Nico e Lau, e comendo feijoada búlgara com farofa de banana.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Alto, Floresta!



Domingo passado o Espaço Cubo esteve presente em um evento bem longe daqui. Apesar da distância (mais de 800 km) o destino era ainda em Mato Grosso (eta estado continental). A função a ser cumprida era o atendimento da solicitação da coordenação de cultura (Secretaria da Cultura e Juventude) de Alta Floresta, que pediram um integrante do Espaço Cubo para prestigiar a prévia da Convenção do Rock – evento que acontecerá pela terceira vez na cidade.


(foto: ensaio do Infecção)


Saí de Cuiabá “abandonando” a produção do Metal ao Cubo, que aconteceria naquele sábado no Caverna’s Bar, reafirmando a parceria estabelecida entre o Espaço Cubo e o Cachorrão, proprietário do Caverna’s. Mas a causa era nobre. Chegando em Alta Floresta, logo de cara foi possível ver o quão embrionário é a cena do local. Na tarde do domingo fui ao “estúdio de ensaio” da galera do Pica Pau Maluco, que também cede o espaço para a banda Infecção.


As aspas se justificam pela precariedade da coisa: o espaço para ensaio é apenas uma sala numa república. E o “ampli de baixo” era uma caixa wattson, daquelas sem grave, sabe? Confira abaixo um take do ensaio do Infecção.


TAKE ENSAIO INFECÇÃO (em breve)


Antes de falar do intuito e proposta da Prévia da Convenção do Rock, a contextualização: Kadu Oliveira, um dos produtores, foi o primeiro músico da cidade a produzir conteúdo autoral e hoje, juntamente com Ronaldo Adriano, coordenador de cultura da Secretaria de Cultura e Juventude de Alta Floresta, bate nessa tecla para com as bandas novas que surgem. Na edição passada, duas bandas cuiabanas participaram da Convenção: Ayakan e Anhangá.


Voltando então, a proposta da Prévia era a seguinte: selecionar 8 bandas para a Convenção do Rock, que acontece dia 17 e 18 de abril. Porém, nesse instante foi revelado uma das mazelas da iniciante cena da cidade. Um número bem expressivo de bandas desistiram(!). Apenas 9 bandas concorreram... foi de consenso que seria pouco elegante dispensar apenas uma banda e todas foram classificadas.


Uma outra mazela que assola Alta Floresta é o expressivo número de bandas cover. Durante a Prévia, não teve umazinha sequer que tocou o repertório inteiro de músicas autorais. E foram várias as que apresentaram covers durante o show inteiro, um absurdo. E é aí que nota-se outro fator muito interessante. O público vibra sim e canta junto com os covers. Porém, isso acontece muito mais por uma sede de shows ao vivo do que pelo cover em si. Por exemplo, a Infecção é tida como a banda mais profi de alta Floresta.


(ao lado, show do Infecção)



Antes do show, foram anunciados com entusiasmo por outro membro de banda, que dizia que o Infecção era “a maior banda da cidade, eram os caras que chamaram a responsa do profissionalismo pra si e são os caras que fazem acontecer”. E isso só porque a banda é a única que apresenta um figurino condizente e apresenta músicas próprias bacanas. Com certeza, novas bandas autorais conquistarão público fácil por lá. Estão sedentos... É impressionante como grande parte dos participantes do evento se lembravam do Anhangá, banda cuiabana que se apresentou na Convenção do Rock do ano passado.


Outro exemplo notável que toma-se nesse sentido foi na apresentação da Comando Geral, cuja vocalista canta muuuiiito, mas está aprisionada no repertório cover.



Enfim, veja abaixo mais um vídeo, um medley de takes do público.



VÍDEO DE MEDLEY DE TAKES DO PÚBLICO (em breve)


No final do evento ainda provocamos uma bate papo com os interessados que haviam ficado pra ouvir, contextualizando os trabalhos do Espaço Cubo, Volume, Circuito Fora do Eixo e profissionalismo de uma banda, e batendo em questões básicas... “Gurizada, o mais urgente, pára de tocar cover. E se vocês acham que vão ser descobertos por um olheiro de grande gravadora que vai vir aqui em Alta Floresta descobrir sua banda, esquece! Isso não vai acontecer”.


Resumidamente, Alta Floresta está assim. Um público sedento por produção, bandas surgindo a todo momento, só que grande parte delas por diversão e visando o repertório cover. Porém, através de ações como a Convenção do Rock isso pode ser mudado. Segundo os organizadores, já foi um grande passo em relação ao ano passado, quando as bandas ainda estavam em um nível de execução sofrível e NENHUMA tocou música própria.


Mas é tudo questão de um primeiro estímulo. Na metáfora, seria uma coisa parecida com o fato de terem inúmeras câmeras na platéia, e nenhuma delas ter ido fotografar na frente do palco. Quando fui fazer a função, imediatamente apareceu mais uns 5 fotógrafos. E outra, na postura do técnico de som. Que chegou 15 minutos antes do evento começar e saiu dizendo com descaso “ah, é banda de rock”, acusando um não profissionalismo. Mas que depois, ao ver que toda hora eu ia lá soltar o som ambiente no MP4 em cada final de show de banda, passou ele próprio a fazer isso.


DEPOIMENTO DE RONALDO E KADU (em breve)


Esses dias, o Danilo Sossai, baixista do Anhangá veio me procurar, a fim de conversar sobre o que poderia ser feito para dar continuidade aos trabalhos em Alta Floresta. Contextualizei pra ele do surgimento dos Pontos Cubo no interior do estado e traçamos linhas gerais de pontos a serem debatidos numa reunião. A saber, um integrante do Espaço Cubo e mais quatro bandas irão para a Convenção do Rock e o Anhangá é uma delas. É bacana ver o processo seguindo adiante... Até pouco tempo atrás o Anhangá era uma banda perguntando como poderia se inserir e fazer parte de um coletivo. E hoje, já expande essa tecnologia rumo à interiorização.


Alto, Floresta!


Vamos em frente!

sexta-feira, 20 de março de 2009

Porque Esgroovinhando

Nessa de quebrando a cabeça, pensando um nome pro blog, queria algo que remetesse à identidade, que no meu caso, ficaria bem ilustrada em alguma coisa que retratasse música e escrita.

O primeiro nome que pensei foi Música Redigida. Fui mostrar pra Dríade, coordenadora da Cubo Comunicação.

Dríade: é pouco sonoro

Ney: hmm.. pior

Dríade: e tbm não é só sobre música

Ney: é, não é só sobre música. mas estarei escrevendo sobre esse universo, logo vai ter sempre a ver. A idéia é mais de manter um ritmo de andamento no texto tbm

Dríade: mas aí vc teria que se dedicar muito ao post, pra manter esse ritmo e deixar com cara de música

Ney: ou não.. estarei escrevendo sobre esse universo, logo vai ter sempre a ver. O ritmo que eu digo é mais uma fluência em cima dos assuntos tratados nesse universo, não uma coisa parnasiana

Dríade: hmm.

Ney: Mas concordo que Música Redigida é pouco sonoro.

(passam 5 minutos)

Ney (pensando): Caralho, como fazer isso ficar mais sonoro, puta q o pariu, temq ser algo que relate música e escrita. Música redigida não rola, pô, xô pensar, redação musical é o cúmulo, muito tosco, afff, contra baixo, contra escrita, não, ninguém vai entender, contra, hmmm, escrita, caralho, hm, tocar, escrita, groove, escrever, escrivinhar, ta chegando, esgroovinhar, AE!

É ISSO!

Ney: Dríade, "Esgroovinhar"

Dríade: hahaha.. gostei, bem cuiabano

Ney: é então.. é juntando o groove com "escrivinhar", que é "escrever" em caipirês. Achei massa a relação com o cuiabanês tbm, ainda mais vindo de quem entende do assunto, rs.

Dríade: Na verdade o termo cuiabano é "esgruvinhado"

Ney: ah é.. de cabelo né.. mas esgroovinhando ficou com sonoridade cuiabana também

Dríade: é.. ficou sim

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entaaaooonnnn gore!

quinta-feira, 19 de março de 2009

Como vim parar aqui

Bom, de início, faço um post um tanto quanto nostálgico, com um texto de 2005. Mas 4 anos atrás, por que isso?

Calma, eu explico.

Provavelmente sem o texto abaixo eu não estaria aqui. Ou teria chegado um pouco depois e muita coisa teria sido diferente. Trata-se de uma publicação feita em um blog pessoal que eu tinha.

seguinte..

Toquei em uma das prévias do Calango 2005 e o repórter Iuri Gomes (que depois passou pela Gazeta e pela Folha do Estado) fez uma matéria muito mal apurada (ossos do ofício, o Iuri é bom!) relatando um caso de plágio (!!!) na apresentação de uma das bandas das prévias, no caso a minha. A única coisa que eu fazia além da faculdade de história e de ter banda por diversão era exercitar a escrita semanalmente em um blog, que poucos conheciam e liam. Poucos e bons, quem lia, curtia.

Enfim, teci uma crítica extensa em relação à matéria, num tom de “como o site do Calango publica uma coisa dessas. Justo o do Calango”.

Naquele período começava a entender um pouco mais da movimentação cultural que vinha sendo feito por uma galera e estava ansiozíssimo pelo Calango, encantado com a programação anunciada e louco pra me aproximar da galera que não só idealizava mas também fazia acontecer tudo aquilo. Tinha chão...

Minha banda da época (Ragha) passou longe de ser escolhida. Mas o fruto daquela Prévia foi a indignação com a matéria do Iuri e a réplica. Pouco tempo depois apareceu o recado do Pablo no comment “Pô velho, du caralho o texto, não quer vir trabalhar aqui no Cubo? Preciso de escritores”.

Era a oportunidade que faltava. Amanhã entro em mais detalhes sobre a continuidade da história e como viemos parar aqui. Enfim.. conheça abaixo o texto de 4 anos atrás, mas que tem importância fundamental na minha entrada no Espaço Cubo. Cujo resultado, assino super embaixo do post no blog do Ynaiã, parceiro de Cubo e de Bong(rs).



PLÁGIO NO CALANGO???

Bom.. já faz um bom tempo que eu tava pensando em atualizar o blog aqui. Mas sempre tava rolando alguma coisa pra fazer no fim de semana, ou algum imprevisto, ou só preguiça mesmo. Mas aconteceu uma parada beeem loca que é um prato cheio a ser colocada nesses blogs desconhecidos que ninguém conhece e vez ou outra alguém dá uma passada por ele e nem se lembra mais depois. É o caso daqui.


Vou começar pelo começo:
seguinte: pra quem não sabe, uma de minhas bandas tocou sábado passado (11/06/2005) na prévia do calango no museu do rio.
seguinte²: pra quem não sabe, Calango é o festival de musica independente mais importante do estado (na verdade, talvez por ignorância, eu não conheço outro). Enfim, o fato é que eu toquei com a banda Ragha. Das 10 bandas fomos a quinta, pela ordem de apresentação. Tocamos 4 músicas ensaiadas às pressas. O baterista da banda, residente em Barra do Garças trouxe três das músicas, as quais só fui conhecer/aprender na manhã do mesmo sábado algumas horas antes da apresentação no museu. A quarta música era uma minha que os caras, com exeção do guitarrista base que tá morando aqui em Cuiabá, também só conheceram/aprenderam na manhã do tal sábado.

O foda da Ragha é isso. Pra princípio de conversa, eis os integrantes:
guitarra base: Olívio
Guitarra solo e vocal: Pedro Henrique
baixo: Ney Hugo, ou seja, eu!!!
bateria: Rafael, Garrapha, para os chegados
Juciane: vocal

Voltando à foda da banda.. ou ao foda da banda, como queiram...
o foda é que, à excessão desse animal que vos fala, toda essa galera aí é tudo barrense (leia-se natural de Barra do Garças). Só que por causa da faculdade, o pessoal deu uma espalhada. O Olívio tá em Cuiabá fazendo eng. civil; O Pedro Henrique tá em Barra do Bugres (não abandonando o "barrensismo") fazendo uma "gestão de sei lá oq" que eu não entendi direito; A Juciane tá em Rondonópolis cursando psicologia (inclusive como caloura da Raquel Peron, do divertido post abaixo sobre a confusão da perda da minha carteira na maldito show da bendita da Pitty); Eu tô aqui em Cuiabá há 20 anos; O Garrapha é o único que permanece em Barra, onde atua como profissional em uma banda.

Então
pelo fato do pessoal tar tudo afastado, a gente é uma banda que quase não se vê. De vez em qdo nos reunimos e tocamos em algum lugar. A Demofeast, festa demolay que ocorre todo 06/09, por exemplo, é sagrada. Aí alguém teve a idéia do pré-calango.
blz, vamos tocar..
mas o fato é que a falta de ensaio e conhecimento prévio das músicas faz as músicas próprias não ficarem assim tão boas. À exeção da única música de minha autoria, eu não tive tempo de arranjar quase nada pro baixo. Fora que ainda errei no palco lá, justamente por isso. Meu, qdo o baixo pára, morre a música. É que nem o goleiro no futebol.. um erro e todo mundo dança. Bom, sei pq sou goleiro...
e baixista...

êta responsa mal cumprida...

Além desse meus erros (hã? Paralamas?) nas músicas dos caras, houve também erro na minha música por parte do Pedro Henrique. Perdeu o tempo do riff da guitarra na introdução da música
eeeeeeeee Pedro

esqueceu a letra no final da música
eeeeeeeee Pedro²

O erro do riff no começo até que saiu de boa pq o Garrapha percebeu e fez uma virada lá que remarcou o tempo da música. Garrapha tbm é foda, o cara é profissional, sem dúvida o melhor e mais elogiado instrumentista da banda. E o que tem mais saco puxado pelo baixista, como se percebe.

Tanto que, segundo o próprio Garrapha me contou, foi elogiado pelo Inaiã do Donalua e Macaco Bong, segundo o qual o som teria firmeza, faltando corrigir uns erros de tempo e tal.
Coincidência?
no, friends.
Falta de técnica?
Não.. falta de ensaio e preparo


O Garrapha apelidou um dos caras que tavam lá na venda de cerveja de "Los Hermanos", por causa da barba e cabelo do cidadão. Segundo o próprio Garraphoso, o Amarante aí tbm elogiou o som da banda. Mas com os errinhos e tocando apenas 4 músicas, não passa a impressão de seriedade necessária à classificação. Sad but True (E Justo!!!)

Mas oq chamou minha atenção de verdade foi uma tal de "Confusão entre bandas por causa de plágio". Foi assim...

Eu tava dormindo na casa do Olívio, pra aproveitar o pouco tempo com o pessoal. Só que na tal da prévia minha mãe foi me ver (ainda meio que homenageei ela no palco por ter dividido uma lata de cerveja comigo ali na "preleção" do backstage).
Aí tá..
eu resolvi dar uma passada em kza pra tomar um banho e talz, já que minha casa fica a um peido do museu do rio (coophamil). Quando voltei o Garrapha e o Pedro vieram me perguntando se eu tinha mostrado a minha música pra alguém pq apareceu um cara dizendo que tinha uma banda que já tocava a música em outra banda e tal. O fato me deixou realmente curioso..
porra, como isso era possível?

Mas deixei pra tratar no dia seguinte..

No dia seguinte, na casa do Olívio pedi pro Garrapha me explicar esse troço. Ele explicou meio por cima e disse que o cara tinha falado com o Pedro.
Já o Pedro...
só soube dizer a mesma coisa que o Garrapha disse e que o acontecido ia sair num site

ow, como era o nome do cara, Pedro?
não sei
Como era o nome da banda do cara, Pedro?
não sei
Em que site que vai sair isso, Pedro
tbm não sei

eeeeeee Pedro³

porra, como é que ele não me grava um acontecimento desse


eis que hoje, pelas minhas andanças cibernéticas, caí meio que por acaso no site do calango, só pq queria ler sobre o secretário de cultura que disse que o "rock dá vida ao museu do rio".

Fala sério, eu tbm sou burro neH?!
Poderia ter procurado logo no site do calango direto sobre o plágio. Era óbvio que era esse o site. Mas enfim, eis oq saiu escrito lá.

Confusão entre bandas por causa de plágio
Música tocada foi o alvo da discórdia, contudo, situação de resolveu no final
Iuri Gomes
Imprensa Calango

Na terceira prévia para o Festival Calango, realizada neste sábado (19/06), ocorreu uma situação inusitada entre duas bandas: Jenec, banda residente em Cuiabá e que existe há dois anos, e Ragha, que possui integrantes em Barra do Bugres, Barra do Garças e Cuiabá.

Cícero Bezerra, ex-guitarrista da Jenec, é o pivô da história. Ele conheceu em Barra do Garças alguns integrantes do grupo que hoje é o Ragha, mas que na época se chamava Miau que Late. Ele acreditou que a banda havia acabado, por seus membros morarem em cidades diferentes.

Então Cícero pegou uma música deles, modificando parte da melodia e estrutura. Na época ele tocava na Jenec e mostrou a música à banda, que passou a tê-la em seu repertório. Ele saiu da Jenec e não avisou aos outros integrantes que "pegou emprestado" o tema antiga da Miau que Late.

A confusão se deu quando a Ragha finalizou sua apresentação com a música "Conflito interno". E Jenec - que não se apresentou nas prévias - tocava a mesma música com outro nome: "Um dia". Cícero então explicou a situação às duas bandas e pediu desculpas pelo mal-estar entre elas. No entanto, a banda Jenec, após o imbróglio, decidiu não mais tocar a música "Um dia".



O interessante é que essa notinha tá cheia de deturpações. E me impressiona como colocaram a notícia. "Confusão entre bandas", "Plágio", "Discórdia". Isso tudo passa a idéia de uma afronta grande, sendo que tudo foi resolvido amigavelmente e com toda a calma. Talvez seja exagero dizer que foi sensacionalismo... mas passa perto
e esse é o jornalismo

Tipow, O Garrapha me contou mesmo que o tal do Cícero aí chegou a perguntar a ele e ao Pedro se eles eram de Barra, pq ja os tinha visto tocando por lá.
Mas agora essa história de achar que a banda tinha acabado pelos integrantes morarem longe tá muito mal contada. Muito mesmo.
Moramos longe, é verdade. Mas a banda já existe há muitos anos. E o pessoal se separou só no ano passado, que por coincidencia foi qdo eu entrei na banda.

Absurdo maior ainda: ...grupo que hoje é o Ragha, mas que na época se chamava Miau que Late

A Ragha NUNCA se chamou "Miau que Late".
NUNCA

"Miau que Late" é a banda que o Garrapha toca como profissional em Barra. Oras, a música "Conflito Interno", vítima do rolo, é minha. E eu nunca toquei no "Miau que Late". A única relação que eu tenho com essa banda, além de dividirmos o baterista, é o fato do vocalista ter produzido o som no show que fizemos na Demofeast em Barra no ano passado.
E só!!!

Agora como é que o cara vem me dizer que a música era do Miau que Late, dado os fatos já explicitados acima aí?
Weird...

Bom.. ele pode ter visto na verdade a Ragha mesmo tocando, já que "conhecia" tbm o Pedro Henrique, outro que jamais tocou no Miau que Late. Só que isso não explica como ele conhecia a música, uma vez que Garrapha e Pedro a ouviram pela primeira vez comigo tocando a guitarra do Olívio e lhes passando a letra.
Muuuuuuito estranho.

parapsicólogos de plantão, estudem o caso.
Transmissão de pensamento?

Transmissão de transtorno, isso sim.

Outra coisa mais estranha ainda. Eu entrei na Ragha pq a namorada do Olívio estuda na minha sala, no curso de história da UFMT. Ano passado, numa daquelas conversas qdo o pessoal ta se conhecendo ela me disse que "ei, vc é baixista?. Meu namorado precisa de um baixista".

Agora, a estranhice...
essa música, "Conflito Interno", foi escrita por mim em 2002. Quando eu era um colegial de escola salesiana e nunca nem imaginava cursar história, conhecer uma garota, ter uma banda com o namorado dela, mostrar uma música, tocar no pré-calango e ter rolo por causa de plágio (ufa!)
Meu plano era cursar jornalismo, ao qual desisti. Ainda bem...
não serei eu a ficar por aí publicando histórias mal contadas...

Nessa época, minha maior glória era tocar no intervalo do colégio com o grande amigo e já conhecido na cena, Luiz Lazzaroto.

Agora
Como é que esse cara do plágio aí conhecia a música se eu nem sonhava em conhecer Garrapha e cia na época em que ela foi feita - e sem nunca ter mostrado a música pra ninguém antes de sábado passado?

Isso é um caso para pe. Quevedo dizer:
"Isso no ecziste"

Oq eu consegui montar aqui na minha cabeça foi que ele (o Cícero, não o padre) deve ter visto uma música da Ragha em sua antiga formação em Barra do Garças. Chupou a música pra tal da Jenec e, por coincidencia(?), ela ficou parecida com a minha "Conflito Interno".
Mas peraí..
A Ragha só tinha uma música própria até antes de sábado, chamada "até um dia te ter". Essa foi tocada tbm lá. E ela não tem nadinha a ver com "conflito interno".

Outra estranhice é que o nome da ex-música do Jenec é "Um dia". Olhando pra "Conflito Interno", não tem como dar esse nome a ela. Não tem nada a ver com Um dia, pois fala de uma situação arrastada por meses a fio. E isso fica implicitamente claro na música. Implicitamente mesmo. Não tá na cara, mas pelo enredo dá pra sacar o naipe da situação.

Quer saber?
Eu que desisto de tentar entender como esse Cícero conseguiu essa proeza.
Eu poderia até colocar a música aqui, a título de comparação, sei lá

Mas melhor não...
vai que plageiam
=/