segunda-feira, 11 de maio de 2009

E(I)NFERM(N)O


(sem imagem msm.)


Na quarta feira passada pela manhã acordei acreditando que estaria pronto pra mais um dia quando, ao me atrever a levantar, pouco antes das 7h, no costumeiro horário de um dia não posterior a um evento à noite, quando senti os sintomas de um mal que às vezes me acomete: queda brusca e duradoura da pressão corporal, auto diagnosticada como resultante de acúmulo de vários dias dormindo pouco, potencializado ainda por 30 horas seguidas viajando de ônibus e uma péssima alimentação do dia anterior. Não há organismo que resista. Por alguns minutos você ainda tenta insistir, até descobrir, quase arrancando os cabelos: “é... não vai dar.”


Em momentos assim cabe a reflexão sobre o processo em que vivemos ser tão fast and furious e apaixonante de uma maneira que a atenção fica full time voltada ao exercício e você simplesmente vai na tora... Justo eu que quando mais novo tirava onda das top models que esqueciam de comer (“que absurdo, esquecer de comer”) cometendo o mesmo ledo engano. Aí chega uma hora que você começa a entender que se alimentar direito faz parte do trabalho. Senão dá pala mesmo.


O título do texto desse post coloca duas palavras diferentes em um mesmo contexto. O inferno que passei enfermo nesses dois dias. A rotina foi permanecer deitado, recebendo algumas ligações dos parceiros cubistas, solicitando algum trabalho dentro dos “10 minutos ou um pouco mais” que o corpo me permitia “livre” antes de reclamar e pedir pra ser de volta mantido na horizontal.


Nessa hora o diálogo interno que se estabelece faz de tudo pra se livrar do inferno que é estar preso à situação orgânica. Há momentos em que o desespero da inércia imóvel força a consciência a dar ordens no corpo. Ora, se existe até gravidez psicológica porque eu não poderia usar o poder de convencimento da mente pra me obrigar a dormir? Ver TV é que não dá, é só pra você ficar mais doente ainda.


A única coisa que dá pra se olhar na tela é o noticiário e olhelá. Em momentos assim a única coisa que dá pra fazer é se propor a novas reflexões, o que torna a vontade de “levantar” ainda mais forte, ao fazer lembrar mais uma vez de como vim parar aqui (digo “mais uma vez” por já ter falado isso aqui antes em um dos primeiros posts).


Mas vou agora um pouco além...


Tipo, os filhos da classe média atual se julgam mais inteligentes que os pais, pois chegaram na faculdade mais cedo, por esforço dos pais que bancaram o colégio particular e o pré vestibular do indivíduo. O fato cria uma arrogância tremenda nesses “doninhos do saber”, que por entender um pouco mais de tecnologia e ter acesso a mais informações com muito mais velocidade e dinâmica (a Era da internet) se acham detentores de muito conhecimento.


Agora cara, imagina isso na cabeça de um cidadão que cujo pai saiu do interior do Ceará (Cariré, já ouviu falar dessa cidade?) e se formou aos 38 pela universidade particular realizando um sonho. Junte a isso o primeiro lugar na aprovação do vestibular, o conhecimento de uns acordezinhos no violão, um ouvido minimamente musical e aptidão para a escrita. Pronto, era o Cara! (um dia eu já fui pop, como diriam os Autoramas).


E aí era um processo foda porque rolava o seguinte: Esse seachismo, esse lado “doninho do saber” conflitava com um outro lado que já reconhecia o comportamento desprezível da maioria dos jovens dessa geração. Ao mesmo tempo que se sabia que havia muito a se fazer (uma vez que você é esclarecido e se torna refém do seu esclarecimento) me imobilizava pela preguiça e falta de coragem.


Aí vi que já tinha gente fazendo quando conheci o Cubo, que fora toda a gama de trabalhos que executa tem ainda a importante missão de “reconhecer” seus “recrutas”. Foi assim que salvou um de ser banger artista, outro de ser playboy de balada, outra de ser paty... O processo é viral e não permite essas ervas daninhas. Simplesmente não cabe. É matar os vícios ou matar os vícios.


Foi ali que descobri que aquele "saber" todo não passava de uma mera introdução a todo esse universo. Foi ali que vi que não sacava porra nenhuma de música e ainda teria (e tenho) muito chão pra aprender. E aos poucos, cotidianamente, vai se percebendo o quanto esses vícios se transformam em injustiça até contras os progenitores, que foram quem oportunizaram esse teu saber mínimo.


Veio daí a vontade ainda maior de levantar, que nessa de mente condicionar o corpo, tem influência pesada na recuperação. Foi como a resposta que dei pra Dríade quando ela me ligou na noite de quinta, perguntando como tava e a resposta foi “olha, pelo andar da carruagem, acho que amanhã tô de volta à guerra”. A guerra de remar contra uma série de valores paias vigentes no senso comum.


Ta loco mano... esses dois dias parado serviram no mínimo pra reafirmar daonde vim, onde estou e pra onde estamos indo.


Bora aí que é nóis...


I’m back to the front!

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