terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Ótimo depoimento de Gabriel Thomaz


Ainda sobre a entrevista do Pablo no Inimigo.

O comentário do Gabriel do Autoramas foi muito bacana.

Confira:


Gabriel Thomaz comentou em 23/1/2010 às 10:29

Bom, aproveitando um sábado sem show e dois dias antes de mais uma turnê bem longa, peço licença pra gastar um tempo aqui lendo tudo isso aí em cima e dando minha opinião sobre o assunto. Me sinto bem à vontade pra falar sobre isso, pois sempre fiz parte dessa parada independente no Brasil, desde lá daquela época q minha primeira banda vendeu 2500 fitas K7 gravadas uma a uma no som do meu padrasto. Faz tempo, eu tinha a idade da Malu Magalhães.

Com o Autoramas nós já fazíamos tudo isso q o nosso amigo Ney relatou aí sobre o Macaco Bong, mas desde 2002, 2003. A primeira banda de fora de Cuiabá que o Pablo Capilé levou pra lá foi o Autoramas, deve ter dado uns mil pagantes. E foi um esquema muito bem feito, com cachê, passagens, hotel, rango delicioso. Mas não foi só ir pra lá e aproveitar: Organizamos uma turnê, fizemos tudo por terra. Saímos do Rio, tocamos em SP, depois em Londrina, depois Campo Grande-MS (onde uns certos japas nos viram tocar e nos convidaram pra uma turnê no Japão com eles bancando tudo) e finalmente chegamos em Cuiabá.

Levei um choque no palco q eu quase caí pra trás, mas tudo bem. Só assim o lance todo se concretizou. E vieram outros convites, frutos de turnês como essa. Já fizemos uma turnê no Nordeste em 2003, só eu e Bacalhau, sem baixista. Igualzinha a essa do Macaco Bong, 10 shows, 10 dias sem day-off (desde essa época temos uma média de 90 a 100 shows por ano). Mas ganhamos o nosso em todos os shows, por um lado foi até bom termos ido em duas pessoas, sobrou um cascalho a mais pra cada um.

Só pra resumir: Trabalhar é muito bom, viajar, tocar, ver coisas boas e ruins é muito bom pra qualquer pessoa. Mas tem que ganhar alguma coisa sim. Só assim as bandas vão continuar, fazer uma carreira. Quantas bandas boas acabaram nos últimos dois anos? E algumas dessas eram bandas q trabalhavam sim, não só dessas q só reclamam.

Não vou fazer contas aqui, mas músico também tem muito gasto. Aliás, tem até um detalhe engraçado dessa história de conta: Nessa primeira vez q fomos tocar em Cuiabá, foram umas 15 pessoas acender um incenso no meu quarto do hotel, incluindo o Pablo e, acho q o Ney tb, e eu ficava o tempo falando que pras coisas funcionarem tinha q fazer tudo na ponta do lápis. Tive até um flash-back lendo essa entrevista. E continua dando certo: assim consigo viver de música.

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Nota do blogueiro: não estava nesse dia não. Nesse evento eu fui como público, perguntei pro Pablo como fazer pra comprar o cd do Autoramas, ele me levou no camarim, e comprei o disco das próprias mãos do Gabriel. Eu, adolescente, 18 anos, ignorante, peguei o "Ninguém Pode Parar os Autoramas" e falei "essa capa tá zuada, com defeito". Ao qual o Gabriel respondeu, paciente: é 3D.

Dois anos depois eu já era do Cubo e toquei com o Macaco na primeira apresentação da banda fora de MT, no Goiânia Noise 2005.


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Fabrício é meu amigo de fé há uns 12 anos, é uma figura-chave dessa parada toda. Sempre fizemos um monte de coisas juntos e o cara é competente pra cacete, tô defendendo mermo. Sou de Brasília, do lado de Goiânia, toquei lá muito, antes e depois dele se juntar com a Monstro. Antes da Monstro, tocar em Goiânia era se apresentar pros mesmos 20 malucos de sempre.

E, depois da Monstro, é isso tudo q todo mundo já sabe. Já fizemos todo tipo de esquema (de grana, custos, etc) e sempre tentamos ajudar um ao outro, cada situação é uma situação. De repente o q tá faltando nessa parada toda é diálogo, é informação, conexão mais direta…não é sair por aí bradando q é tudo máfia ou q banda não merece cachê.

E ainda suspeito que o Pablo estava falando exclusivamente de bandas iniciantes, que tem muito o q ralar, o q é um privilégio! Ah, se quando eu comecei já tivesse todo esse circuito…

Outra coisa q eu sei, q não é nenhum segredo é q pra uma banda chegar num Festival (eu organizava um, o Ruído)é exatamente a quantidade e a qualidade das coisas q essa banda faz FORA do circuito dos festivais, ou seja quanto mais vc faz, mais é chamado pra fazer as coisas, e, consequentemente ganha mais.

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